Capítulo III

Consumação da
História Humana

O homem tem vivido através de todos os séculos sem conhecer de que maneira a história humana se iniciou nem onde se encontra sua meta. Continuamos ignorantes dos problemas referentes à consumação da história humana.

Muitos cristãos crêem literalmente no que está escrito na Bíblia, na qual se afirma que nos Últimos Dias os céus se abrasarão e dissolverão, os elementos se fundirão com fogo (II Pe 3.12); que o sol escurecerá, a lua não dará sua luz e as estrelas cairão do céu (Mt 24.29); e que com a chamada do arcanjo e com o som da trombeta de Deus, os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro e aqueles que estiverem vivos serão arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para encontrar o Senhor nos ares (I Ts 4.16-17).

É um dos problemas mais importantes para os cristãos decidirem se tudo se realizará literalmente, como diz a Bíblia, ou se aquilo foi dito em termos simbólicos, como se provou ser o caso em muitas partes da Bíblia. Para resolver este problema, devemos primeiro responder certas questões sobre a finalidade de Deus ao criar todas as coisas, o significado da queda humana e a finalidade da providência de salvação.

SEÇÃO I

A Realização da Finalidade da Criação

de Deus e a Queda do Homem

1. A REALIZAÇÃO DA FINALIDADE DA CRIAÇÃO DE DEUS

Como foi tratado no "Princípio da Criação", a finalidade da criação do homem por parte de Deus era sentir alegria ao ver Seu objetivo realizado. Por isto, a finalidade da vida do homem é devolver alegria a Deus. De que maneira, pois, pode o homem devolver alegria a Deus e manifestar perfeitamente o valor original de sua existência?

Toda a Criação foi criada para ser o objeto da alegria de Deus. Contudo, o homem, como foi esclarecido no "Princípio da Criação", foi criado para ser o objeto substancial para com Deus, devolvendo alegria a Ele através da ação de seu próprio livre arbítrio. Por isto, o homem não pode tornar-se o objeto da alegria de Deus, a menos que conheça a vontade de Deus e viva de acordo com ela por seu próprio esforço. Conseqüentemente, o homem foi criado de tal maneira que pudesse conhecer a vontade de Deus e viver de acordo com ela para sempre, experimentando o coração e o zelo de Deus como dele mesmo. Podemos chamar a este estado do homem de "perfeição da individualidade". Adão, Eva e muitos profetas e santos foram capazes de se comunicar com Deus diretamente porque o homem foi criado para desfrutar de tal capacidade.

O relacionamento entre Deus e o homem de individualidade aperfeiçoada pode ser comparado com o que existe entre nossa mente e corpo. Nosso corpo, como o templo de nossa mente, obedece ao comando de nossa mente e age de acordo com ela. Já que Deus habita na mente do homem de individualidade aperfeiçoada, tal homem se tornará templo de Deus e viverá de acordo com a vontade de Deus. O homem de individualidade aperfeiçoada se torna um só corpo em unidade com Deus, assim como nossa mente faz com nosso corpo. Por isto, I Coríntios 3.16 diz: "Não sabeis vós que sois o templo de Deus, e que o espírito de Deus habita em vós?" Enquanto João 14.20 diz: "Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós". O homem que tiver atingido um só corpo com Deus, tendo Seu espírito em si pelo aperfeiçoamento de sua individualidade, e assim formando um templo de Deus, virá a ter deidade, e de modo algum poderá cometer pecado; naturalmente, ele não pode cair. O homem de individualidade aperfeiçoada é um homem de bem perfeito.

Se um homem de bem perfeito viesse a cair, isto significaria que o próprio bem teria a potencialidade de ruína; isto é impossível. Além disso, se um homem criado pelo Deus onipotente viesse a cair depois de sua perfeição, nós teríamos que negar a onipotência de Deus. Portanto, o homem de individualidade aperfeiçoada nunca poderia cair, porque ele, sendo o objeto de alegria para com Deus, o sujeito eterno de qualidade absoluta, também deveria possuir qualidade absoluta e perpetuidade.

Se Adão e Eva, com individualidade aperfeiçoada, incapazes de pecar, tivessem estabelecido um lar e sociedade sem pecado pela multiplicação de filhos do bem de acordo com a bênção de Deus (Gn 1.28), isto seria o Reino do Céu, que teria sido realizado como uma imensa família, centralizada nos mesmos pais. O Reino do Céu tem a forma de um homem de individualidade aperfeiçoada. Tal como os membros do corpo do homem trabalham em um relacionamento horizontal de uns para com os outros, de acordo com o comando vertical de seu cérebro, assim também a sociedade deveria ser organizada de tal forma que os homens pudessem viver em um relacionamento horizontal de uns para com os outros, de acordo com o comando vertical de Deus. Em tal sociedade as pessoas não poderiam praticar nenhum ato que viesse a prejudicar seus semelhantes, pois toda a sociedade experimentaria o mesmo sentimento para com os membros que estivessem em dificuldade, sentindo a mesma aflição que Deus haveria de sentir por eles.

Por mais puros e livres de pecado que fossem os homens que vivessem naquela sociedade, se a humanidade tivesse que levar uma vida incivilizada, à semelhança dos povos primitivos, não teria sido a espécie de Reino do Céu que tanto Deus como o homem, por tanto tempo, têm desejado. Visto que Deus abençoou o homem para ser o dominador de todas as coisas (Gn 1.28), os homens de individualidade aperfeiçoada deveriam ter subjugado o mundo natural através de uma ciência altamente desenvolvida, e estabelecido na Terra um ambiente social imensamente agradável. Este seria o lugar onde o ideal da Criação seria realizado. Seria simplesmente o Reino do Céu na Terra.

Quando o homem aperfeiçoado, depois de ter assim vivido no Reino do Céu na Terra, for para o mundo espiritual, o Reino do Céu será realizado no mundo espiritual. Portanto, a finalidade da Criação de Deus é estabelecer o Reino do Céu na Terra.

 

2. A QUEDA DO HOMEM

 

Como foi afirmado no "Princípio da Criação", o homem caiu enquanto se encontrava na imaturidade, ainda no período de crescimento. As questões a respeito de por que o período de crescimento era necessário para o homem, e por que os primeiros antepassados humanos caíram em sua imaturidade, foram respondidas naquele capítulo.

O homem, devido à sua queda, não pôde tornar-se o templo de Deus, mas, ao invés, tornou-se a moradia de Satanás, e tornou-se um só corpo com ele. Naturalmente, o homem veio a ter uma natureza má, ao invés de deidade. Sucedeu assim que homens de natureza má estabeleceram um mau lar, má sociedade e mau mundo, pelo multiplicar de maus filhos. Este é o inferno na Terra, no qual os homens decaídos têm vivido. Os homens no inferno não têm sido capazes de estabelecer um bom relacionamento horizontal entre si, porque o relacionamento vertical com Deus foi rompido. Desta forma, vieram a comprazer-se em atos que prejudicavam seus semelhantes, porque não podiam sentir as dores e dificuldades de seus semelhantes como se fossem deles mesmos.

Os homens que vivem no inferno na Terra, transmigram para o inferno no mundo espiritual, depois de saírem de seus corpos físicos. Desta maneira, o homem estabeleceu o mundo da soberania de Satanás, em vez de estabelecer o mundo da soberania de Deus. Assim chamamos a Satanás o "príncipe deste mundo" (Jo 12.31) ou o "deus deste mundo" (II Co 4.4).

 

SEÇÃO II

 

A Providência da Salvação

 

1. A PROVIDÊNCIA DA SALVAÇÃO É A PROVIDÊNCIA DA RESTAURAÇÃO

 

Este mundo pecaminoso traz tristeza ao homem e faz com que Deus sofra (Gn 6.6). Será, então, que Deus poderia deixar este mundo de sofrimento assim como está? Se é que o mundo do bem, que Deus criou para o máximo de alegria, vai continuar para sempre como o mundo do pecado, cheio de sofrimento devido à queda do homem, Deus deve ser chamado o Deus de fracasso e incapacidade. Por isto, Deus salvará este mundo do pecado custe o que custar.

Até que ponto Deus deve salvar este mundo? Deus deve primeiro salvá-lo até que os homens sejam restaurados à posição que o homem tinha alcançado antes da queda dos primeiros antepassados humanos. Deus deve fazer isto expulsando completamente o poder maligno de Satanás deste mundo de pecado (At 26.18). Depois, Deus deve desenvolver Sua Providência a tal ponto que possa dominar o mundo diretamente com a realização da boa finalidade da Criação (At 3.21).

Salvar um doente é restaurá-lo ao estado em que se encontrava antes da ocorrência da doença. Salvar um homem que se afoga é restaurá-lo à posição que tinha antes de começar a se afogar. De modo semelhante, salvar um homem decaído em pecado significa restaurá-lo à posição original sem pecado, da qual ele desfrutava no início. Por isto, a "providência da salvação" de Deus é a "providência da restauração" (Mt 17.11, At 1.6).

A queda humana é naturalmente o resultado do erro do próprio homem. Contudo, Deus também é responsável pelo resultado como Criador. Se Deus não tivesse criado o homem, a queda não teria ocorrido. Por isto, Deus sentiu-se compelido a realizar a providência de restaurar este resultado errôneo para o estado original. Deus é o perpétuo sujeito. Por isto, a vida do homem, que foi criado como Seu eterno objeto de alegria, deve também ter eternidade. De acordo com o Princípio da Criação, Deus criou o homem para a eternidade. Embora o homem tenha caído, Deus não pode aniquilá-lo, pois isto anularia o princípio da Criação. Por isto, Deus deve salvar o homem e restaurá-lo à posição original na Criação.

Deus prometeu realizar Suas três grandes bênçãos depois da criação do homem (Gn 1. 28). Ele diz em Isaías 46 .11: "Assim o disse e assim acontecerá; Eu o determinei e também o farei." De acordo com Suas próprias palavras, Deus tem trabalhado para realizar Sua promessa pelo desenvolvimento da providência da restauração destas bênçãos, há muito perdidas por causa de Satanás. Quando Jesus disse a seus discípulos em Mateus 5.48: "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito vosso Pai que está nos céus", ele queria dizer que eles deviam ser restaurados à posição do homem original da Criação. Do ponto de vista do Princípio da Criação, o homem original da Criação deve ser tão perfeito como Deus, tendo eterna deidade por sua unidade com Deus.

 

2. A FINALIDADE DA PROVIDÊNCIA DA RESTAURAÇÃO

 

Qual é a finalidade da providência da salvação? É realizar o Reino celeste, o eterno objeto do bem de Deus, que era a Sua finalidade original da Criação. No início Deus criou os homens na Terra e pretendia realizar o Reino do Céu na Terra centralizado neles. No entanto, Ele não conseguiu realizar Sua vontade por causa da queda humana. Por isto, a finalidade primária da providência da restauração só pode ser restaurar o Reino do Céu na Terra. Jesus, que veio para realizar a finalidade da providência da restauração, disse a seus discípulos que orassem para que a vontade de Deus fosse feita assim na Terra como no Céu (Mt 6.10) e ele exortou seu povo a arrepender-se, porque a finalidade da providência da restauração é restaurar o Reino do Céu na Terra.

 

3. A HISTÓRIA HUMANA É A HISTÓRIA DA PROVIDÊNCIA DA RESTAURAÇÃO

Já esclarecemos anteriormente que a providência da salvação de Deus é a providência da restauração. Por isto, a história humana é o período da providência através da qual Deus pretende salvar os homens decaídos e levá-los a restaurar o mundo original do bem. Estudemos agora, de vários pontos de vista, o fato de que a história humana é a história da providência da restauração.

Primeiro, consideraremos a história humana do ponto de vista da história do desenvolvimento das esferas culturais. Em todas as idades e países, até mesmo os homens do mal tiveram em comum o desejo da mente original de seguir o bem, repelindo o mal. Por isto, todos mantêm a mesma finalidade fundamental de buscar e realizar o bem, embora seja verdade que eles criaram uma história de luta através de constantes conflitos que se originam da diferença, de acordo com os tempos e os lugares, em seus respectivos padrões de bem e de sua consecução.

Por que, pois, a mente original do homem se dirige irresistivelmente para o bem? O motivo é que Deus, o sujeito do bem, criou o homem como seu objeto substancial para realizar a finalidade do bem. Portanto, a mente original do homem busca o bem, embora os homens decaídos tenham sido incapazes de viver boas vidas, devido à obra de Satanás. O objetivo da história, tecida por tais homens, deve ser obter o mundo do bem.

Por muito que a mente original do homem tenha lutado para atingir o bem, o homem fracassa em encontrar o bem real neste mundo sob a dominação de Satanás. Por isto, o homem veio a encontrar o sujeito do bem no mundo transcendente de tempo e espaço. O que nasceu desta inevitável procura do homem foi a religião. O homem que caiu na ignorância de Deus devido à queda, tem sempre procurado encontrar Deus pela constante busca do bem através da religião. Embora indivíduos, raças e nações de uma religião possam ter perecido, a própria religião sobreviveu até o presente. Estudemos agora estes fatos históricos, centralizando-nos na história da ascensão e queda das nações.

Quando examinamos a história da China, vemos que cada idade de Ch’un Ch’iu foi seguida de uma idade unificada de Ch’in; enquanto as épocas de Chien Han, Shin, Hou Han, San Kuo, Si Tsin, Tung Tsin e Nan Pei Ch’ao foram seguidas da época unificada de Sui e T’ang; e as épocas das Cinco Dinastias (Pei Sung, Nan Sung, Yuan, Ming, Ch’ing) foram seguidas da hodierna República da China. Através de todas estas épocas, a China viu muitos acontecimentos complicados, tais como a ascensão e queda de nações, e com elas muitas mudanças no poder político, mas as três religiões orientais do Confucionismo, Budismo e Sun-Kyo estão ainda em plena força.

Quando estudamos a história da Índia, vemos que o império Mauryas foi seguido por Andhra que, por sua vez, foi seguido por Gupta, Barudanah, Sahman, Razuni, Maghal e pela Índia de hoje. Embora durante todas estas épocas a nação tenha sofrido muitas mudanças, o Hinduísmo sobreviveu. Outrossim, quando observamos a história das nações do Oriente Médio, vemos que o Império dos Sarracenos foi seguido do Karif Oriental e Ocidental, que, por sua vez, foi seguido da Turquia Seljuk e da Turquia Osman, com seu poder político mudando sempre. Contudo, sua religião, o Islamismo, continuou a existir.

Além disto, examinemos a corrente principal da história ocidental. A liderança dos países ocidentais foi assumida alternativamente pela Grécia, Roma, Gália, Espanha e Portugal. Passando depois temporariamente pela França e Holanda, foi tomada pela Bretanha e está atualmente dividida entre Estados Unidos e União Soviética. Contudo, o Cristianismo continuou a florescer. Mesmo na União Soviética sob a tirania estabelecida no fundamento do materialismo, o Cristianismo sobreviveu.

Examinado do ponto de vista da ascensão e queda das nações, vemos também que aqueles poderes que perseguiram a religião pereceram, enquanto aqueles que protegeram e exaltaram a religião prosperaram. Vimos na história que a posição central passou de uma para outra nação, em cada caso transferindo-se para um país que exaltava a religião mais do que o anterior. Por isto, a história da religião nos diz que o dia virá, sem falta, quando o mundo do comunismo, que persegue a religião, haverá de perecer.

Existiram muitas religiões na história humana. Dentre elas, as religiões de grande influência inevitavelmente formaram esferas culturais, sendo estas de 21 a 26 em número. Contudo, no decurso da história, a inferior foi ou absorvida pela superior ou unida a ela por graus. Em recentes anos surgiram da ascensão e queda das nações quatro grandes esferas culturais: a Ásia Oriental (Confucionismo e Budismo), Hinduísmo, Islão (Maometismo) e Cristianismo. Estão agora transformando-se em uma esfera cultural mundial, centralizando-se no Cristianismo. Por isto, podemos perceber desta tendência histórica que o Cristianismo tem por missão última realizar a finalidade de todas as religiões que têm dirigido seu curso para a meta do bem. A história do desenvolvimento das esferas culturais mostra-nos a tendência para a formação de uma esfera cultural mundial centralizada em torno de uma religião, através da unificação de numerosas religiões. Isto é uma prova de que a história humana está caminhando para a restauração de um só mundo unificado.

A segunda maneira pela qual podemos compreender que a história humana é a história da providência da restauração é pelo exame da tendência comum da religião e da ciência. Já foi afirmado na "Introdução Geral" que a religião e a ciência, trabalhando respectivamente para superar os dois aspectos da ignorância humana desde a queda, devem ser unificadas hoje. A religião e a ciência, que se desenvolveram individualmente sem nenhuma conexão mútua, são agora forçadas a encontrar-se em um só lugar, depois de terem progredido respectivamente para a mesma meta. Isto nos diz claramente que a história humana tem seguido o curso providencial da restauração do mundo original da Criação. Se não fosse pela queda, a capacidade intelectual do homem teria se desenvolvido ao máximo grau em espírito (verdade interna), naturalmente fomentando o mesmo grau de desenvolvimento externo através da ciência. A ciência, pois, progrediria muito rapidamente, produzindo o mundo de desenvolvimento científico de hoje nos dias de nossos primeiros antepassados humanos.

No entanto, devido à queda, o homem caiu na ignorância, tornando-se incapaz de alcançar uma sociedade altamente desenvolvida. Desde então, ele tem lutado para restaurar o mundo ideal de desenvolvimento científico, que foi planejado no início, superando a ignorância por meio da ciência. O mundo científico altamente desenvolvido de hoje está sendo restaurado externamente ao estágio imediatamente anterior à transição para o mundo ideal.

A terceira maneira pela qual podemos perceber que a história humana é a história da providência da restauração é pela tendência da história de lutas. As batalhas por riquezas, terras, e povos acompanharam o desenvolvimento da sociedade humana através da história até o presente momento. Esta luta alargou seu escopo, expandindo do nível de família ao de tribo, e depois, ao de sociedade, nação e de mundo. Os dois mundos da democracia e comunismo estão agora defronte de sua guerra ideológica final. No fim da história pecaminosa da humanidade, as nações terão passado pelo estágio histórico no qual as pessoas julgam poder obter felicidade das riquezas, das terras e dos povos que espoliaram. Depois da Primeira Guerra Mundial, vimos as nações derrotadas forçadas a libertar as colônias, mas depois da Segunda Guerra Mundial as nações vitoriosas voluntariamente libertaram suas colônias. Os grandes poderes de hoje permitiram aos pequenos poderes, até mesmo menores e mais fracos do que uma cidade dos grandes poderes, se tornarem estados membros das Nações Unidas. Os grandes poderes fizeram nações irmãs, não somente fornecendo alimento, mas também dando-lhes direitos e deveres iguais aos dos grandes poderes.

Como será, então, a luta final? Será a luta entre ideologias. Contudo, a luta entre os dois mundos da democracia e do comunismo nunca cessará a menos que a verdade última apareça, a qual possa superar completamente a visão materialista da história, que ameaça o mundo de hoje. Quando esta verdade final, que pode resolver os problemas da religião e da ciência como um só tema unificado, vier a aparecer, a ideologia comunista, que até agora tem procurado desenvolver-se apenas pela ciência, negando a religião, será superada. Assim, os dois mundos finalmente serão completamente unificados sob uma só ideologia. Portanto, do ponto de vista da tendência da história das lutas humanas, não podemos negar o fato de que a história humana é a história providencial da restauração do mundo original da Criação.

A quarta maneira pela qual podemos examinar esta questão é centralizando-nos na Bíblia. A finalidade da história humana é restaurar o Jardim do Éden com a árvore da vida no centro (Gn 2.9; cf. Parte I, Capítulo II, Seção I, 1). O "Jardim do Éden" não representa uma área limitada onde Adão e Eva foram criados, mas toda a Terra. Se o Jardim do Éden fosse a região limitada onde os primeiros antepassados humanos foram criados, como seria possível ao incontável número de seres humanos viver em tão pequeno lugar? Seria necessário um grande número de pessoas para encher a Terra, de acordo com a bênção de Deus para com os homens (Gn 1.28).

Devido à queda dos primeiros antepassados humanos, o Jardim do Éden terreno, que Deus pretendia estabelecer com a Árvore da Vida no centro, caiu nas mãos de Satanás (Gn 3.24). Por isto, quando a história pecaminosa da humanidade, que se iniciou em Alfa, terminar em Ômega, a esperança e a glória dos homens decaídos será lavar suas vestiduras e entrar no Jardim do Éden restaurado, e assim restaurar seu direito à Árvore da Vida (Ap 22.13-14). O que pois, significam estes versículos bíblicos?

Como foi esclarecido na "Queda do Homem", a Árvore da Vida significa Adão aperfeiçoado, que devia ser o Verdadeiro Pai da humanidade. Devido à queda dos primeiros pais humanos, seus descendentes nasceram com pecado original; para que estes filhos de pecado possam ser restaurados como homens originais da Criação, todos os homens devem renascer, como disse Jesus (cf. Parte I, Capítulo VII, Seção IV, 1). Por isto, a história é a busca do Verdadeiro Pai pelo homem, que deve dar nova vida à humanidade, isto é, Cristo. A Árvore da Vida, mencionada no Apocalipse como aquela que todos os santos dos Últimos Dias devem encontrar, representa simplesmente Cristo, o Salvador. Destas passagens bíblicas sabemos que a finalidade da história humana é restaurar o Jardim do Éden em sua forma original centralizado em Cristo, que deve vir como a Árvore da Vida.

Em Apocalipse 21.1 lemos também que no fim da idade aparecerá um novo Céu e uma nova Terra, significando que o velho Céu e a velha Terra, que têm estado sob o domínio satânico, devem ser restaurados como o novo Céu e Terra sob o domínio de Cristo, centralizados em Deus. Romanos 8.19-22 também diz que toda a Criação, gemendo sob o domínio satânico, espera com dores de parto a manifestação dos filhos de Deus com forma original da Criação. Eles serão bem qualificados a dominar toda a Criação, para que ela se faça nova (Ap 21.5), sendo restaurada à posição original da Criação, em vez de perecerem pelo fogo nos Últimos Dias.

Considerada sob estes pontos de vista, podemos perceber com bastante clareza que a história humana é a história da providência de Deus para restaurar o mundo original da Criação.

 

SEÇÃO III

Os Últimos Dias

1. SlGNlFlCADO DOS ÚLTIMOS DIAS

Já afirmamos que as três grandes bênçãos que Deus concedeu aos nossos antepassados humanos não foram realizadas centralizando-se em Deus devido à queda do homem. Ao invés, foram realizadas centralizando-se em Satanás, no reino fora do Princípio. A história humana, embora tenha iniciado no mal, é de fato a história providencial da restauração através da qual Deus tem operado. Assim, o mundo pecaminoso sob o domínio satânico será transformado no mundo da boa soberania, depois que as três grandes bênçãos centralizadas em Deus forem realizadas.

A idade em que o mundo pecaminoso sob a soberania satânica se transforma no mundo ideal da Criação sob a soberania de Deus é chamada os "Últimos Dias". Em outras palavras, os "Últimos Dias" representam a idade na qual o inferno na Terra será transformado no Reino do Céu na Terra. Por isto, este não será um dia de medo, no qual muitas calamidades naturais acontecerão, como os cristãos até o presente acreditavam, mas um dia de alegria, quando a esperança única da humanidade, sustentada firmemente durante o longo decurso da história desde a criação do mundo, será realizada. Desde a queda humana, Deus tem continuado Sua providência para liquidar o mundo do pecado e restaurar o mundo do bem com a natureza original da Criação. (Detalhes serão examinados na Parte II, Capítulo I). Contudo, em cada caso, o homem falhou em realizar a sua própria porção de responsabilidade, frustrando assim a realização da vontade de Deus. Como conseqüência, a Bíblia aparentemente nos indica que houve muitos ÚItimos Dias.

 

(1) Os Dias de Noé foram os ÚItimos Dias

Gênesis 6 .13 afirma: "O fim de toda carne é vindo perante minha face, porque a Terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a Terra", indicando assim que os dias de Noé eram os "Últimos Dias".

Por que os dias de Noé podem ser chamados de Últimos Dias? Deus ia destruir o mundo corrupto centralizado em Satanás com o julgamento do dilúvio, depois da história pecaminosa de 1600 anos, deixando apenas a família de Noé, que acreditava em Deus. Na base da fé de Noé, Deus pretendia restaurar o mundo ideal de Sua soberania. Por isto, os dias de Noé podem ser chamados de ÚItimos Dias (cf. Parte II, Capítulo I, Seção II). Devido ao ato corrupto de Cam (Gn 9.22), o segundo filho de Noé, a vontade de Deus foi anulada porque a família de Noé falhou em realizar sua porção de responsabilidade em nome de toda a humanidade.

 

(2) Os Dias de Jesus foram os Últimos Dias

A predestinação de Deus com respeito à Sua vontade para atingir a finalidade da providência da restauração é absoluta e não pode mudar (cf. Parte I, Capítulo VI). Por isto, embora a providência da restauração de Deus centralizada em Noé não pudesse ser realizada, Ele chamou outros profetas para fazer o fundamento de fé. Ele enviou Jesus para destruir o mundo pecaminoso centralizado em Satanás e restaurar o mundo ideal centralizado em Deus. Portanto, os dias de Jesus foram também os ÚItimos Dias. Foi por isto que Jesus disse que ele veio como o mestre do julgamento (Jo 5.22). Foi por isto que Malaquias profetizou:

"Eis que aquele dia vem ardendo como forno; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como palha; e o dia que está para vir os abrasará, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo" (Ml 4.1).

Jesus veio para restaurar o mundo ideal na forma planejada na Criação; no entanto, devido à falta de fé do povo, a porção de responsabilidade do homem ficou sem ser realizada, prolongando o cumprimento da vontade de Deus até o tempo do Senhor do Segundo Advento.

 

(3) Os Dias do Segundo Advento do Senhor são também os Últimos Dias

Jesus foi crucificado, realizando somente a salvação espiritual. Ele deve realizar a finalidade da providência da salvação tanto no espírito como no corpo depois do segundo advento (cf. Parte I, Capítulo IV, Seção I, 4), realizando a restauração do Reino do Céu na Terra. Naturalmente, os dias do segundo advento do Senhor seriam também os Últimos Dias. Foi por isto que Jesus disse que "Como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do Homem" (Lc 17.26), e também que haveria muitas calamidades naturais no tempo do segundo advento (Mt 24.29).

 

2. VERSOS BÍBLICOS COM RESPEITO AOS SINAIS DOS ÚLTIMOS DlAS

Muitos cristãos crêem que nos Últimos Dias várias calamidades naturais e mudanças radicais além da imaginação dos homens modernos ocorrerão na sociedade humana, conforme os versículos bíblicos dizem literalmente. Contudo, se entendermos que a história humana é a história providencial para restaurar o mundo para a forma original planejada por Deus na Criação, sabemos então que os sinais dos Últimos Dias não acontecerão de fato literalmente. Examinemos o que é simbolizado pelas passagens bíblicas com respeito aos Últimos Dias.

 

(1) Céu e Terra Destruídos (ll Pe 3.12, Gn 6.13) e um Novo Céu e uma Nova Terra Criados (Ap 21.1, ll Pe 3 .13, Is 66.22)

Gênesis 6.13 diz que Deus queria destruir a terra porque estava cheia de violência e corrupção nos Últimos Dias. No entanto, Ele realmente não destruiu o mundo. Sabemos que a Terra é eterna, por versículos tais como Eclesiastes 1.4, que diz: "Uma geração vai e outra geração vem, mas a Terra para sempre permanece", e o Salmo 77.69, que diz: "Edificou o Seu santuário como os altos céus, como a Terra, que fundou para sempre". Deus, o sujeito, é eterno; por isto Seus objetos devem também ser eternos. Naturalmente a Terra, que foi criada como o objeto de Deus, deve ser eterna.

Deus, onipotente e onisciente, não poderia ter sentido alegria por Sua Criação, se a tivesse feito com a possibilidade de ser destruída por Satanás. Com que podemos comparar isto? Destruir uma nação significa fazer cair a soberania, enquanto erigir uma nova nação (Ap 21.1) é estabelecer uma nação de nova soberania. Conseqüentemente, destruir o céu e a terra significa fazer cair a soberania de Satanás, que os está dominando; e fundar um novo Céu e uma nova Terra significa restaurar o novo Céu e a nova Terra sob a soberania de Deus (Ap 21.1).

 

(2) Céu e Terra Julgados por Fogo (II P 3.12)

II Pedro 3 .12 diz que nos ÚItimos Dias "os céus em fogo se desfarão e os elementos, ardendo, se fundirão!" Em Malaquias 4.1 está profetizado que, no dia de Jesus, ele virá como o mestre do julgamento (Jo 5.22, 9.39), e julgará com fogo. Em Lucas 12.49 Jesus disse que veio para pôr fogo na terra. Contudo não podemos encontrar vestígio algum de seu julgamento com fogo literal naquele tempo. Isto, pois, deve ser uma expressão figurativa. Tiago 3.6 diz: "A língua é um fogo". Deste modo, compreendemos que julgamento por fogo é juízo pela língua, que naturalmente significa juízo pela Palavra. Assim, julgamento por fogo é julgamento pela Palavra.

Examinemos, pois, os versículos bíblicos com respeito ao julgamento pela Palavra. João 12.48 diz que quem rejeitar Jesus e não receber suas Palavras tem um juiz, e a Palavra que Jesus falou será seu juiz nos ÚItimos Dias. II Tessalonicenses 2.8 diz que o iníquo será revelado, e o Senhor Jesus o desfará pelo "sopro de sua boca"; isto é, sua Palavra. Além disto, Isaías 11.4 diz: "... e Ele ferirá a terra com a vara de sua boca [língua], e com o sopro dos seus lábios [palavras] matará o ímpio"; enquanto João 5.24 diz: "Aquele que ouve a minha palavra e crê n’Aquele que me enviou, tem a vida eterna; ele não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida". Desta maneira, julgamento por fogo significa julgamento pela Palavra

Qual deve, pois, ser o motivo do julgamento pela Palavra? João 1.3 diz que o homem foi criado pela Palavra. Conseqüentemente, a finalidade da Criação de Deus era que o primeiro homem realizasse a finalidade da Palavra tornando-se a encarnação da Palavra (Verbo), mas ele caiu sem observar a Palavra de Deus, deixando assim a finalidade da Palavra irrealizada.

Por isto Deus procurou outra vez realizar a finalidade da Palavra pela recriação dos homens decaídos de acordo com a Palavra; esta é a providência da restauração pela Palavra da verdade (Bíblia). João 1.14 diz: "O Verbo (Palavra) se fez carne, e habitou entre nós cheio de graça e verdade; vimos a sua glória como a glória do Único Filho do Pai". Assim, Cristo virá novamente como a encarnação da Palavra (Verbo). Tornando-se o padrão do julgamento pela Palavra, ele julgará até que ponto a humanidade cumpriu a finalidade da Palavra. A finalidade da providência da restauração será cumprida com a realização da finalidade da Palavra. Portanto, o juízo deve ser feito com a Palavra como o padrão e medida. Em Lucas 12.49 Jesus disse: "Vim lançar fogo na terra; e como desejaria que já estivesse aceso!". Ele tinha vindo como a encarnação da Palavra (Verbo) (Jo 1.14), proclamando a Palavra da vida.

(3) Os Mortos Ressuscitam dos Túmulos (Mt 27.52, I Ts 4.16)

Em Mateus 27.52-53, diz-se que quando Jesus morreu:

"Abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos."

Isto não significa que sua carne literalmente ressuscitou da corrupção (cf. Parte I, Capítulo V, Seção II, 3). Se os santos da Idade do Velho Testamento, que viviam no mundo espiritual, tivessem literalmente ressuscitado e, saindo dos túmulos, tivessem ido à cidade e aparecido a muitas pessoas, certamente teriam testificado ao povo judeu a respeito de Jesus, pois sabiam que Jesus era o Messias. Se isto tivesse acontecido, embora Jesus já tivesse sido crucificado, então ninguém ao ouvir estes testemunhos, poderia deixar de acreditar em Jesus. Se os santos da Idade do Velho Testamento tivessem assim ressuscitado dos túmulos, retornando à sua carne, seus feitos deveriam estar registrados na Bíblia. No entanto não existem tais relatos na Bíblia.

Então, qual é o significado de "ressuscitar dos túmulos"? Isto é um relato do fato de que os homens espirituais da Idade do Velho Testamento ressuscitaram e apareceram na Terra em espírito (cf. Parte I, Capítulo V, Seção II, 3), assim como os espíritos de Moisés e Elias apareceram a Jesus no Monte da Transfiguração (Mt 17.3).

O que, pois, significa "sepulcro"? O reino dos espíritos de forma, que era a moradia dos santos da Idade do Velho Testamento, era um lugar mais escuro do que o Paraíso, que foi aberto por Jesus. Este reino de espírito de forma chamava-se sepulcro. Os homens espirituais da idade do Velho Testamento, que se encontravam nesta região do mundo espiritual, apareceram aos santos terrenos.

 

(4) Homens Terrenos Arrebatados para Encontrar o Senhor nos Ares (l Ts 4.17)

O "ar" aqui mencionado não significa céu. Na Bíblia, "terra" geralmente significa mundo decaído da má soberania, enquanto "Céu" significa mundo sem pecado da boa soberania. Nossa compreensão é aumentada quando lemos os versículos bíblicos que dizem: "Pai Nosso, que estás nos céus" (Mt 6.9), embora Deus seja onipresente. Assim também vemos: "... senão aquele que desceu do céu, o Filho do Homem" (Jo 3.13), embora Jesus tenha nascido na Terra. Assim, "encontrar o Senhor nos ares" significa que os santos receberão o Senhor no mundo da boa soberania quando Cristo vier novamente e restaurar o Reino do Céu na Terra, fazendo cair a soberania satânica.

 

(5) Sol e Lua Escurecidos, Estrelas Caem do Céu (Mt 24.29)

Gênesis 37.9 descreve o sonho de José, o décimo-primeiro dos doze filhos de Jacó:

"Teve ainda outro sonho, e o contou a seus irmãos, e disse: "Eis que ainda tive um sonho; e eis que o sol e a lua, e onze estrelas se inclinavam perante mim . E contando a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai, e disse-lhe: "Que sonho é que sonhaste? Porventura viremos eu e tua mãe, e teus irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra?"

José cresceu e tornou-se o primeiro ministro do Egito. Então de fato aconteceu, como no sonho, que seus pais e irmãos realmente vieram a inclinar-se perante ele. De acordo com estes versículos bíblicos, o sol e a lua simbolizavam os pais, e as estrelas simbolizavam os filhos. Como se afirmou em "Cristologia" (cf. Parte I, Capítulo VII), Jesus e o Espírito Santo vieram como os Verdadeiros Pais em vez de Adão e Eva, para trazerem renascimento à humanidade. Por isto o sol e a lua simbolizam Jesus e o Espírito Santo, e as estrelas simbolizam os santos, como seus filhos.

Na Bíblia Jesus é comparado à "Verdadeira Luz" (Jo 1.9), porque ele veio como o Verbo (Palavra) que se fez carne (Jo 1.14), como a luz da verdade. Naturalmente, aqui a luz do sol significa a luz das palavras de Jesus, e a luz da lua significa a luz do Espírito Santo, que veio como o Espírito da verdade (Jo 16.13). Por isto o fato de que o sol e a lua perderam sua luz significa que as Palavras do Novo Testamento faladas por Jesus e o Espírito Santo perderão a sua luz.

Como poderiam as Palavras do Novo Testamento vir a perder a sua luz? Assim como as Palavras do Velho Testamento perderam sua luz quando Jesus e o Espírito Santo vieram com novas Palavras a fim de realizar as Palavras do Velho Testamento, também as Palavras do Novo Testamento, que Jesus deu ao povo em seu primeiro advento, perderão sua luz quando Cristo vier novamente com a nova Palavra a fim de realizar as Palavras do Novo Testamento, fazendo um novo Céu e uma nova Terra (Ap 21.l; cf. Parte I, Capítulo III, Seção V, 1). Aqui, o fato de perderem as palavras a sua luz significa que o período de sua missão terminou, com a chegada da nova idade.

Estrelas caindo do céu significa que os santos dos ÚItimos Dias ofenderão ao Senhor e falharão, tal como os líderes da religião judaica, que tinham um grande anseio pela vinda do Messias, caíram todos por terem ofendido a Jesus, o Messias. Foi profetizado que em sua ignorância, muitos cristãos, que estão ansiosamente esperando pelo segundo advento do Senhor, também o ofenderão e falharão naquele dia, caindo assim da mesma maneira (cf. Parte II, Capítulo VI, Seção II, 2).

Lucas 18.8 Jesus diz: "... quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura achará fé na Terra?" Em outra ocasião (Mt 7.23) ele disse que haveria de declarar aos cristãos devotos: "Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade". Tudo isto ele disse para avisar os santos dos Últimos Dias com respeito a sua possível ofensa, pois ele previu sua incredulidade.

 

SEÇÃO IV

Os Últimos Dias e os Dias Atuais

Quando Jesus falou sobre a futura morte de Pedro, este perguntou o que sucederia com João. Jesus respondeu dizendo: "Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti?" (Jo 21.18-22) Os discípulos, ouvindo isto, pensaram que Jesus voltaria enquanto João estivesse em vida. Além disto, Jesus disse a seus discípulos: "... não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do Homem" (Mt 10.23), e disse também: "Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino" (Mt 16.28). Por causa de tais palavras, não só os discípulos de Jesus, mas também numerosos cristãos, acreditavam que Jesus poderia vir enquanto ainda estavam em vida e se sentiam continuamente angustiados por uma sensação de tensão sobre a possibilidade de ser a sua época os Últimos Dias. O motivo é que eles não conheciam o significado fundamental dos Últimos Dias.

Pelo exame da atual realização das três grandes bênçãos para com os homens, que Deus estabeleceu com a finalidade da sua restauração, podemos provar que hoje é o tempo dos Últimos Dias.

É este o motivo por que Jesus disse:

"Da figueira aprendei, pois, esta lição: quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão. Assim também, quando virdes tudo isto, sabeis que ele está perto, bem ás portas" (Mt 24.32-33).

 

1. OS FENÔMENOS DA RESTAURAÇÃO DA PRIMEIRA BÊNÇÃO

Como já foi tratado no "Princípio da Criação", a primeira bênção de Deus para com Adão e Eva era para que eles aperfeiçoassem sua individualidade. Podemos afirmar, dos fenômenos seguintes, que a providência de Deus de restaurar os homens decaídos ao seu estado original da Criação, com individualidade aperfeiçoada, já alcançou seu estágio final.

O primeiro modo, pelo qual podemos ver isto é do fato que o padrão espiritual dos homens decaídos está sendo restaurado. Como ficou dito acima, o homem de perfeição se torna um só corpo com Deus em coração e zelo, de forma que o homem e Deus se tornam capazes de ter total e livre comunicação entre si. Adão e Eva, embora não totalmente perfeitos, estavam no estágio de se comunicarem diretamente com Deus, quando caíram, levando sua prole a cair e tornar-se ignorante de Deus.

O homem decaído ao receber o benefício da idade na providência da restauração, seu padrão espiritual é restaurado por graus. Por isto, nos Últimos Dias muitos santos alcançam o ponto em que podem comunicar-se com Deus, como diz Atos 2.17:

"Nos Últimos Dias acontecerá que do Meu Espírito derramarei sobre toda carne, e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos."

Nestes dias, há muitos crentes que surgem em todos os lugares, com a capacidade de ter comunicação espiritual. Disto podemos dizer que estamos entrando em uma nova idade, em que podemos restaurar a primeira bênção de Deus depois de termos aperfeiçoado nossa individualidade, porque agora são os Últimos Dias.

Segundo, a direção histórica da restauração por parte dos homens decaídos da liberdade da mente original é outra prova. O homem foi despojado da liberdade de vir perante Deus porque, devido à queda, ele ficou sob o domínio de Satanás e a partir de então tem tido uma liberdade restrita. No entanto hoje o coração e o zelo do homem alcançaram o mais alto nível, no qual as pessoas estão em busca da liberdade da mente original, mesmo com o risco de suas vidas. Isto é evidência de que com a vinda dos Últimos Dias os homens decaídos estão agora entrando em uma nova era, em que podem livremente vir perante Deus. Entrarão na nova era pelo aperfeiçoamento de sua individualidade, restaurando assim a primeira bênção de Deus para consigo, da qual foram despojados por Satanás por muito tempo.

Terceiro, o valor original dos homens decaídos, doado na Criação, está sendo restaurado. Esta é também outra prova. O valor original dos homens, horizontalmente observado, é o da igualdade entre as pessoas, e isto talvez não pareça tão precioso. Mas quando verticalmente observado, centralizado em Deus, toda individualidade contém o mais augusto valor macrocósmico (cf. Parte I, Capítulo VII, Seção I). Os homens perderam seu valor original por causa da queda. Na época atual, porém, a ideologia democrática atingiu o auge, e os homens vieram a buscar o valor original da individualidade doada na Criação. Isto pode ser visto na libertação dos escravos, libertação dos grupos de minoria, libertação das pequenas potências, juntamente com as exigências da dignidade humana, igualdade entre os sexos e igualdade de todos os povos. Esta é a prova de que os ÚItimos Dias chegaram e os homens decaídos estão agora entrando em uma nova era, na qual haverão de restaurar a primeira bênção de Deus para com o homem.

Quarto, o amor original doado na Criação está sendo restaurado. O mundo no qual o ideal da Criação de Deus é realizado terá a forma de um homem aperfeiçoado. As pessoas deste mundo, tendo todas verticalmente formado um só corpo com Deus, naturalmente só poderão formar um só corpo horizontalmente entre si. Conseqüentemente, as pessoas deste mundo só poderão tornar-se como um só corpo, com um inter-relacionamento vertical e horizontal, pelo amor absoluto de Deus. Devido à queda, o amor vertical do homem para com Deus foi rompido, causando também a ruptura do amor horizontal entre as pessoas; e por isto a história humana tem sido tecida de lutas. Hoje, porém, já que o humanitarismo atingiu o auge, os homens estão cada vez mais em busca do amor original. Assim, reconhecemos que o dia atual é o tempo dos autênticos Últimos Dias, em que os homens podem aperfeiçoar suas individualidades, centralizados em Deus, pela restauração da primeira bênção de Deus para com os homens.

 

2. OS FENÔMENOS DA RESTAURAÇÃO DA SEGUNDA
BÊNÇÃO

A segunda bênção de Deus era para que Adão e Eva alcançassem a verdadeira paternidade, pela multiplicação de filhos do bem, e estabelecessem lares, sociedades e um mundo de boa soberania. No entanto, devido à queda, Adão e Eva tornaram-se maus pais multiplicando maus filhos e assim formaram o mundo sob o cativeiro da má soberania. Deus tem conduzido a providência da restauração do padrão espiritual dos homens através da separação de Satanás em uma base interna, através da religião, enquanto, por outro lado, Ele tem separado Satanás dos homens em uma base externa através de vários tipos de lutas e guerras. Portanto Ele tem conduzido Sua providência da restauração da soberania do bem tanto na base interna como na externa.

A história humana então tem sido a restauração da segunda bênção de Deus para com os homens, realizada pela separação do homem de Satanás tanto na base interna como na externa e, também, pelo fato de encontrar aqueles filhos de Deus que serão capazes de assistir ao Senhor da volta, nosso Verdadeiro Pai. Por isto percebemos pelo fenômeno da restauração da soberania de Deus nas bases internas e externas que hoje é o tempo dos verdadeiros Últimos Dias. (Esta restauração apareceu através da história do desenvolvimento das esferas culturais centralizadas na religião e também através da história da ascensão e queda das nações).

Estudemos agora como a história do desenvolvimento das esferas culturais tem progredido, fazendo com que a era atual se tornasse os Últimos Dias. Como foi repetidamente estudado na história do desenvolvimento das esferas culturais, Deus estabeleceu as esferas culturais centralizadas na religião enviando profetas e santos aos homens decaídos. Estes santos estabeleceram as várias religiões de acordo com a mente original do homem, que se dirigiam para o bem último. Conseqüentemente, emergiram muitas espécies de esferas culturais na história da humanidade. Com o passar do tempo, estas se uniram ou absorveram-se mutuamente. Na época atual há uma clara tendência de estabelecer-se uma só esfera cultural mundial centralizada no Cristianismo. Este tipo de tendência histórica mostra-nos que a segunda bênção de Deus para com os homens está sendo restaurada, com todas as raças juntas, lado a lado, como irmãos centralizados em Cristo, que é o núcleo do Cristianismo.

O que faz o Cristianismo diferente de outras religiões é que ele tem como sua finalidade a restauração no mundo de uma grande família, que Deus tinha planejado na Criação. Isto deve ser realizado pela descoberta dos Verdadeiros Pais da humanidade, através dos quais todos os homens podem se tornar filhos do bem pelo renascimento. Isto significa que o Cristianismo é a religião central, que realizará a finalidade da providência da restauração de Deus.

Assim, a restauração da segunda bênção de Deus para com os homens pode ser vista na formação de uma só esfera cultural mundial final, centralizada no Cristianismo, na qual todos os homens serão elevados à posição de filhos do bem centralizados em Cristo e no Espírito Santo, que são os Verdadeiros Pais da humanidade (cf. Parte I, Capítulo VII). Assim, não podemos negar que hoje estamos entrando nos ÚItimos Dias.

A seguir, investigaremos como a história da ascensão e queda das nações, tendo se dirigido para a finalidade da restauração da soberania do bem, está conduzindo a época atual para os Últimos Dias. É um erro, causado pela ignorância da providência fundamental de Deus, meramente considerar a causa das lutas e guerras como o conflito de interesses entre diferentes ideologias.

A humanidade tem tido uma história pecaminosa que começou com a má soberania centralizada em Satanás, a qual foi causada pela queda dos primeiros antepassados humanos. Já que a finalidade da Criação de Deus é imutável, a meta final da história humana é a restauração da soberania do bem de Deus, a qual deve ser atingida separando os homens de Satanás. Se o mundo da soberania má pudesse continuar sem lutas e guerras, este mundo continuaria por toda a eternidade, deixando a soberania do bem eternamente sem restauração. Por isto Deus tem operado Sua providência da restauração da soberania celeste por graus, mandando Seus profetas e santos. Soberanias más têm sido destruídas por melhores, através das religiões do bem que Deus fundou.

Assim, lutas e guerras tornaram-se o curso inevitável pelo qual o homem teve que passar, a fim de realizar a providência da restauração. Um estudo mais detalhado desta questão será feito na Parte II. Já que a história humana está caminhando no curso providencial da restauração por indenização, o mal pode às vezes parecer ter a superioridade, quando visto dentro de um breve período de tempo; mas no final será certamente destruído ou absorvido e assimilado ao reino de um padrão melhor. A ascensão e queda das nações pelas guerras, é assim o inevitável resultado causado pelo curso providencial para a restauração da soberania do bem.

É por isso que Deus ordenou aos israelitas que destruíssem as sete tribos de Canaã. Quando Saul O desobedeceu, deixando vivos alguns dos amalecitas com seu gado, Deus severamente o puniu (I Sm 15.18-23). Assim, Deus não só ordenou diretamente que os israelitas destruíssem os gentios, mas até destruiu os israelitas da dinastia do norte, quando eles se tornaram maus, entregando-os às mãos dos assírios (II Rs 17.23). Devemos compreender que Deus assim fez a fim de destruir a soberania do mal e restaurar a soberania do bem. Portanto as lutas e brigas entre indivíduos do lado de Deus são más, porque elas têm como resultado a destruição da própria soberania do bem; mas o fato da boa soberania destruir a má soberania é um ato de bem, porque é realizar a finalidade da providência da restauração de Deus.

Desta maneira, a história de luta, para separar de Satanás a soberania por meio da gradual conquista de terras e riquezas no mundo inteiro, veio praticamente restaurar a soberania celeste. Quanto aos homens, estão sendo restaurados para o lado celeste em uma base mundial, passando através do nível individual para o nível familiar, social e nacional. Assim, a providência para separar os homens de Satanás, começando da era da sociedade de clãs, passando pelas eras do feudalismo e da monarquia, chegou agora à era da democracia. Na sociedade humana atual, vemos a divisão dos dois mundos da democracia e do comunismo, sendo a primeira, a ideologia para estabelecer a soberania celeste e a última, a ideologia para estabelecer a satânica.

Desta maneira, a história humana, que começou sob a má soberania centralizada em Satanás, veio agora a formar duas soberanias opostas em uma base mundial. Conforme a natureza humana original, que se dirige para o bem último, é despertada através da religião, da filosofia e da ética, ela produz a separação do poder da boa soberania e da má soberania. Estas duas soberanias, com finalidades opostas, nunca podem coexistir. Na consumação da história humana, elas certamente chegarão ao ponto de cruzamento, causando um conflito de natureza interna, centralizado na ideologia, o qual muito possivelmente poderá causar uma guerra externa centralizada no poder militar. Então, finalmente, a soberania de Satanás perecerá para sempre, deixando a soberania de Deus restaurada como uma só e eterna soberania do Céu.

Hoje é o tempo dos ÚItimos Dias porque é o tempo do cruzamento, quando o mundo da boa soberania sob Deus e o mundo da má soberania sob Satanás estão se confrontando na batalha final.

Na história humana, que até aqui tem separado a boa soberania da má, a má soberania se afunda para a destruição, enquanto a boa soberania sobe para a prosperidade, tal como na água lamacenta a lama afunda, enquanto a água clara vai para cima. Assim, nos ÚItimos Dias, estas duas soberanias do bem e do mal por um certo período de tempo se encontrarão no ponto de cruzamento, sendo que a primeira permanecerá para sempre como de Deus, enquanto a última perecerá em trevas eternas.

Assim, quando estas duas soberanias do bem e do mal se encontram no ponto de cruzamento, isto se chama Últimos Dias. Já que este é o tempo em que a perfeição do estágio de crescimento, de onde Adão e Eva caíram, deve ser restaurada por indenização, toda a humanidade passa a vagar no caos ideológico, tal como os primeiros antepassados humanos no Jardim do Éden estavam confusos, sem saber o que fazer.

Durante o longo curso da providência da restauração, houve freqüentes ocorrências dos ÚItimos Dias, em que as duas soberanias do bem e do mal chegaram ao ponto de cruzamento. Tanto a época de Noé como a de Jesus foram chamadas ÚItimos Dias, com as duas soberanias no ponto de cruzamento. No entanto, em cada caso os homens falharam no cumprimento de sua porção de responsabilidade e foram incapazes de destruir a soberania do mal; e Deus teve que começar de novo Sua providência de separar a boa soberania da má. Conseqüentemente, vemos outro cruzamento das duas soberanias na época do segundo advento do Senhor. O curso da providência da restauração tem assim repetido periodicamente o movimento espiral de acontecimentos, passando pelo curso circular para a finalidade da Criação. É por isto que houve muitos períodos de natureza idêntica na história humana (cf. Parte II, Capítulo III, Seção I).

 

3. OS FENÔMENOS DA RESTAURAÇÃO DA TERCEIRA BÊNÇÃO

A terceira bênção de Deus para com os homens significa o domínio de Adão e Eva sobre o mundo da Criação, depois de terem atingido a perfeição. O domínio do homem sobre o mundo da Criação tem dois aspectos - interno e externo. Vemos que na época atual os dois aspectos do domínio do homem, perdidos com a queda humana, estão sendo restaurados.

Domínio interno significa domínio com coração e zelo. Quando um homem aperfeiçoa a sua individualidade, ele se torna um só em coração e zelo com Deus; assim, ele é capaz de experimentar o próprio coração e zelo de Deus. O dia em que o homem, depois de ter-se aperfeiçoado, vier a amar o mundo da Criação com coração e zelo idênticos ao de Deus, e quando ele receber a beleza oferecida pela Criação, ele se tornará o dominador em coração e zelo sobre o mundo da Criação. No entanto, devido à queda, o homem falhou em experimentar o coração e zelo de Deus e não tem sido capaz de encarar a Criação com o coração e zelo de Deus. Apesar disto, Deus tem operado Sua providência de restauração por meio da religião, filosofia e ética, constantemente elevando por graus o padrão espiritual dos homens decaídos em direção a Deus. Assim, o homem da época atual está restaurando seu qualificativo como o "dominador em coração e zelo" sobre o mundo da Criação.

Domínio externo significa domínio pela ciência. Se o homem, tendo se aperfeiçoado, tivesse sido capaz de dominar o mundo da Criação internamente com coração e zelo idênticos ao que Deus tinha sobre o mundo da Criação na época de sua criação, as realizações científicas do homem poderiam ter atingido o auge em um período de tempo muito curto, porque a sensibilidade espiritual dos homens teria sido desenvolvida à mais alta dimensão. Assim, os homens poderiam ter dominado externamente todas as coisas da Criação. Em conseqüência, o homem poderia não somente ter subjugado o mundo da Criação, inclusive os corpos celestes, o mais cedo possível, mas poderia também ter produzido um ambiente de vida imensamente confortável, devido ao desenvolvimento econômico que teria acompanhado o desenvolvimento científico.

No entanto, o homem, perdeu sua luz espiritual por causa da queda, sendo assim despojado de sua dominação interna sobre todas as coisas da Criação, decaiu para o estado de bárbaro, com um sentido espiritual tão embotado como o dos animais. Assim, ele perdeu o domínio externo sobre a Criação. O homem, de acordo com a providência da restauração de Deus, conseguiu agora restaurar sua luz espiritual. Conseqüentemente, tanto sua dominação interna como a externa foram restauradas por graus. Por isto o desenvolvimento científico nos dias atuais alcançou o mais alto grau. O resultado é, pois, que os homens modernos vieram a criar um ambiente de vida extremamente confortável, devido aos desenvolvimentos econômicos que seguiram brilhantes realizações científicas.

Vemos então que a terceira bênção de Deus para com os homens está sendo restaurada, e daí não podemos negar que chegamos hoje aos Últimos Dias.

Como repetidamente temos observado, o desenvolvimento das esferas culturais também mostra que uma esfera cultural mundial está agora sendo formada centralizada em uma só religião. As nações também estão caminhando para uma estrutura de soberania mundial única, partindo da Liga das Nações e chegando às Nações Unidas, procurando hoje alcançar o governo mundial. Quanto ao desenvolvimento econômico, o mundo está agora na iminência da formação de um só mercado comum. Facilidades de transporte e comunicação extremamente bem desenvolvidas reduziram as limitações de tempo e espaço. Os homens são capazes de comunicar-se uns com os outros na Terra tão facilmente como se a Terra fosse o jardim de uma casa, no qual as pessoas de todas as diferentes raças do Oriente e do Ocidente vivem como uma só família. Toda a humanidade está clamando por amor fraterno.

Contudo, um lar só se forma em torno dos pais; só aí é que o verdadeiro amor fraterno pode ocorrer. Por isto, por ocasião do segundo advento do Senhor, como o Verdadeiro Pai da humanidade, todos os homens passarão a viver harmoniosamente no jardim, como uma só família.

Disto também podemos perceber que hoje é, sem dúvida alguma, o tempo dos Últimos Dias. Deve haver uma última dádiva que a história, tendo assim seguido o seu percurso, está para apresentar à humanidade. Esta deve ser a ideologia de natureza macrocósmica, que pode ligar todos os estranhos que agora vivem em tumulto dentro de um só mundo sem realmente ter finalidade alguma, em uma só família, centralizada nos mesmos pais.

 

SEÇÃO V

Os Últimos Dias, a Nova Verdade

e a Nossa Atitude

1. OS ÚLTIMOS DIAS E A NOVA VERDADE

Os homens decaídos superam sua ignorância interna elevando seus padrões espirituais pelo "espírito e verdade" (Jo 4.23), de acordo com sua religião. Quanto à verdade, há duas espécies: a verdade interna (religião), que superará a ignorância interna, e a verdade externa (ciência), que superará a ignorância externa.

Conseqüentemente, o homem tem duas espécies de intelecto: o intelecto interno, que é despertado pela verdade interna, e o intelecto externo, que é despertado pela verdade externa. Por isto, o intelecto interno, em sua busca da verdade interna, estabeleceu a religião, enquanto o intelecto externo, em sua busca da verdade externa, estabeleceu a ciência. Os assuntos espirituais pertencentes ao mundo invisível inicialmente entram em cognição espiritual através de nossos homens espirituais, por meio dos cinco sentidos espirituais; depois são fisiologicamente reconhecidos pela ressonância dos cinco sentidos físicos. A verdade do mundo visível, porém, entra diretamente em nossa cognição por meio dos cinco sentidos físicos. Por isto o processo da cognição vem a existir tanto através do curso espiritual como do físico.

Já que o homem foi feito de tal forma que é perfeito somente quando seu homem espiritual e homem físico são unidos, o espírito e a verdade devem estar em perfeita harmonia, despertando o padrão espiritual e intelectual do homem, antes que a cognição dos dois lados, através dos dois cursos espiritual e físico, possam coincidir completamente. Então, pela primeira vez, o homem virá a ter perfeita cognição do mundo da Criação.

Deus, desta maneira, está conduzindo Sua providência de restaurar os homens à forma original planejada na Criação, elevando, por meio do espírito e da verdade, o padrão espiritual e intelectual dos homens que caíram em completa ignorância, devido à queda. O homem, compartilhando do benefício da idade da providência da restauração de Deus, está gradualmente sendo elevado em seu padrão espiritual e intelectual, à medida que a história segue seu percurso. Por isto, tanto o espírito como a verdade, que são os meios para elevar o padrão espiritual e intelectual, devem também ser elevados à níveis mais altos, por graus. Embora o espírito e a verdade devam ser únicos, eternos e imutáveis, a amplitude do que se ensina, o grau e o método de expressá-los aos homens, que estão no caminho da restauração a partir do estado de ignorância, devem variar de acordo com a idade.

Por exemplo, na idade anterior ao Velho Testamento (de Adão a Moisés), Deus não deu ao povo palavras de verdade, mas somente ordenava que eles oferecessem sacrifícios. Os homens naquela idade, sendo ignorantes, não podiam receber a verdade diretamente d’Ele. Quando o padrão espiritual e intelectual do povo foi elevado, Ele deu a Lei ao povo do tempo de Moisés e o Evangelho ao povo do tempo de Jesus. Jesus não disse que sua Palavra era a verdade, mas que ele mesmo era o caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6). Isto é porque suas palavras eram apenas o meio para ele expressar-se como a verdade, e a amplitude, o grau e o método de expressar a verdade devem variar de acordo com aqueles que estão recebendo as palavras.

Disto devemos entender que as palavras bíblicas são o meio de expressar a verdade, e não a verdade mesma. Vendo as coisas deste ponto de vista, podemos compreender que o Novo Testamento foi dado como um livro de texto para ensinar a verdade às pessoas de 2000 anos atrás, pessoas cujo padrão espiritual e intelectual era então muito baixo quando comparado com o de hoje. É, pois, impossível satisfazer completamente o desejo dos homens modernos de ter a verdade, nesta civilização científica moderna, usando os mesmos métodos de expressão da verdade, em parábolas e símbolos, que foram usados para despertar as pessoas de uma idade anterior. Por conseguinte, hoje a verdade deve aparecer com padrões mais altos e com um método de expressão científica, a fim de possibilitar aos inteligentes homens modernos compreendê-la.

Chamamos isto de Nova Verdade. Esta Nova Verdade, como foi tratado na "Introdução Geral", deve ser capaz de resolver completamente os problemas da religião e ciência de acordo com um só tema unificado, e assim superar a ignorância interna e externa do homem.

Investiguemos outros motivos porque a Nova Verdade deve aparecer.

Como foi notado, a Bíblia não é a verdade mesma, mas um livro de texto que nos ensina a verdade. Neste livro de texto, a maioria das partes importantes da verdade é revelada em parábolas e símbolos. Conseqüentemente, os métodos de interpretação podem diferir de acordo com o leitor. As diferenças na interpretação produziram muitas denominações. Já que a fonte das divisões denominacionais não está no homem mas nas expressões usadas na Bíblia, as divisões e contendas só podem aumentar. Por isto, não podemos esperar que as divisões e contendas entre as denominações venham a cessar. Isto será um obstáculo para a realização da providência da restauração sob a unificação do Cristianismo, a menos que apareça uma nova verdade que possa elucidar o conteúdo fundamental da Bíblia tão claramente que todos possam reconhecê-la e concordar com ela. Por isto, Jesus prometeu dar-nos novas palavras de verdade nos Últimos Dias dizendo:

"Disse-vos estas coisas em parábolas: chega, porém, a hora em que vos não falarei mais por parábolas, mas abertamente vos falarei acerca do Pai." (Jo 16.25)

Jesus morreu na cruz sem ser capaz de dizer tudo o que queria dizer, por causa da descrença do povo. Como ele disse: "Se vos falei de coisas terrenas, e não credes, como crereis, se vos falar das celestes?" (Jo 3.12) Jesus também disse a seus discípulos: "Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora" (Jo 16.12). Isto revelou quanta tristeza ele sentia, pois nem mesmo a seus próprios discípulos ele podia contar o que tinha no fundo de seu coração.

As palavras que Jesus deixou sem falar não permanecerão em segredo para sempre, mas devem ser reveladas algum dia como a Nova Verdade, através do Espírito Santo, como nos disse Jesus:

"Quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir" (Jo 16.13).

Lemos também:

"Vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos..." (Ap 5.1).

Justamente neste livro estão contidas as palavras que o Senhor deve nos dar nos Últimos Dias. Quando João chorava porque ninguém tinha sido achado digno de abrir o livro ou de olhar para ele, não havendo tal pessoa no céu, na terra ou sob a terra, um dos anciãos disse:

"... O Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, venceu, de forma que ele pode abrir o livro e desatar os seus sete selos." (Ap 5.5)

O Leão nascido da raiz de Davi significa Cristo. Assim, deverá vir o dia em que Cristo abrirá o livro selado, que por muito tempo tem permanecido em segredo para a humanidade, e revelar a Nova Verdade a todos os santos. Por isto se diz: "... Deves outra vez profetizar a muitos povos, nações, línguas e reis" (Ap 10.11). Outrossim, está escrito:

"E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos. Sim, naqueles dias derramarei do meu espírito sobre os meus servos e sobre as minhas servas, e profetizarão"
(At 2.17-18).

Assim, de muitos pontos de vista, deve vir uma nova verdade nos Últimos Dias.

 

2. A ATITUDE QUE DEVEMOS ASSUMIR NOS ÚLTIMOS DIAS

Se observarmos o decurso da história da providência da restauração, veremos que o novo sempre começa quando o velho está para expirar. Por conseguinte, o período onde o velho termina é exatamente o período onde o novo começa. O fim da velha história é o período inicial da nova história.

A humanidade está agora no ponto de cruzamento, no qual as duas soberanias, do bem e do mal, estão confrontando uma à outra.

Estas duas soberanias, que começaram no mesmo ponto, dirigiram-se desde então em direções opostas e respectivamente produziram seus próprios frutos mundiais. As pessoas desta idade caem na insegurança interna, no terror e no caos devido à superficialidade de seus ideais e ideologias. Externamente sentem medo ao enfrentarem a ameaça de confrontos e lutas com armas terríveis. Nos Últimos Dias muitos fenômenos devastadores ocorrerão. Como a Bíblia diz:

"... Levantar-se-á nação contra nação, reino contra reino, e haverá fome, pestes e terremotos em vários lugares..." (Mt 24.7).

É inevitável que tais desgraças aconteçam, a fim de que o domínio do mal seja aniquilado e o do bem seja exaltado. Deus, sem falta, estabelecerá o centro da soberania do bem a fim de estabelecer uma nova idade a partir deste infortúnio. Noé, Abraão, Moisés e Jesus foram as figuras centrais de suas respectivas novas idades. Por isto, devemos encontrar a figura central da nova história, a quem Deus designou, para que possamos ser participantes da nova idade, como Deus quer que sejamos.

A providência da nova idade não começa depois de um completo extermínio da velha idade, mas nasce e cresce nas circunstâncias do período da consumação da velha idade, aparecendo sempre em conflito com a velha idade. Em conseqüência, esta providência não é facilmente compreendida por aqueles que estão acostumados com as convenções da velha idade. É por isto que os sábios da história, que vieram encarregados da providência de uma nova idade, tornaram-se todos vítimas da velha idade. Podemos dar o exemplo de Jesus que, vindo no fim da Idade do Velho Testamento, como o centro da nova providência da Idade do Novo Testamento, parecia aos crentes da Lei Mosaica ser um herege, a quem não podiam compreender. No final ele foi rejeitado por causa da descrença para com ele, e foi crucificado. É por isto que Jesus disse: "O vinho novo deve ser posto em odres novos" (Lc 5.38).

Cristo virá novamente no fim da Idade do Novo Testamento como o centro da nova providência para estabelecer o novo Céu e a nova Terra, e nos dará as novas Palavras para a construção da nova idade (Ap 21.1-7). Por isto, é possível que ele seja rejeitado e perseguido pelos cristãos da época do seu segundo advento, tal como Jesus foi perseguido e ridicularizado em sua vinda pelos judeus, que disseram que ele estava possuído por Belzebu, o príncipe dos demônios (Mt 12.24). Por isto Jesus predisse que primeiro o Senhor deve sofrer muitas coisas e ser rejeitado pela geração do tempo de seu segundo advento (Lc 17.25). Por isto aqueles que, no período de transição da história, estiverem tenazmente apegados ao ambiente da velha idade e confortavelmente entrincheirados nela, serão julgados juntamente com a velha idade.

Os homens decaídos, sendo muito lerdos em sua sensibilidade para com coisas espirituais, de modo geral porão maior ênfase na velha verdade, ao seguirem o curso da providência da restauração. Em outras palavras, estas pessoas não corresponderão nem seguirão a providência da nova idade, mesmo que a providência da restauração esteja passando para a nova idade providencial porque, na maioria dos casos, eles ainda estão apegados à visão da verdade da velha idade. Aqueles que podem perceber coisas espirituais, porém, compreenderão espiritualmente a providência da nova idade e virão a responder a ela, embora possam enfrentar discrepâncias entre a nova visão da verdade e a visão da velha idade.

Os discípulos de Jesus, portanto, não estavam totalmente apegados ao Velho Testamento. Ao invés, seguiam apenas aquilo que espiritualmente sentiam em seus corações. O motivo pelo qual os homens de oração e de consciência sentem nos Últimos Dias um sentimento de extrema angústia espiritual e de urgência, é porque, enquanto vagamente sentem coisas espirituais e estão dispostos a seguir a providência da nova idade em seus corações, não encontraram a nova verdade que pode conduzir seus corpos na direção certa. Por isto, estes homens, se por acaso ouvirem a nova verdade que os conduza à providência da nova idade, haverão de despertar-se em coração e intelecto pelo espírito e verdade ao mesmo tempo. Serão, portanto, capazes de reconhecer perfeitamente a exigência da providência de Deus para a nova idade. Naturalmente, então, virão a responder a ela com indizível felicidade. Por isto, os homens modernos dos Últimos Dias devem procurar perceber as coisas espirituais através de humilde oração.

Desta forma, nós não devemos ser apegados a idéias convencionais, mas devemos, a todo custo, encontrar a nova verdade que conduz à providência da nova idade. Podemos realizar isto fazendo com que nossos corpos respondam a coisas espirituais. A seguir podemos verificar se a verdade assim encontrada forma uma unidade com o espírito em nossos corpos, produzindo uma verdadeira alegria celeste no fundo de nosso espírito. Fazendo isto, os santos dos Últimos Dias poderão encontrar o caminho para a verdadeira salvação.