REV. SUN MYUNG MOON

O Ponto de Vista Providencial
da História da Salvação

Este discurso foi proferido pelo Rev. Sun Myung Moon no Congresso para Líderes Cristãos em 27 de fevereiro de 1996 em Montevidéu-Uruguai, e também para o alto escalão do governo americano em 17 de maio de 1996.

Agradeço profundamente a Deus porque hoje, nesta era de grandes reformas históricas, a Igreja da Unificação e o Cristianismo tradicional começam também uma era de mútua comunicação.

O título deste meu discurso é "A Visão dos Princípios da História da Providência da Salvação".

Tendo em vista a perfeição, centralizada no amor verdadeiro, entre o criador e o homem, Deus necessitou de uma condição para formar com o ser humano uma unidade num só corpo. Por isto Deus deu o mandamento aos primeiros antepassados, pois sabia que eles estavam passando pelo período de crescimento, uma etapa incompleta de sua vida. Este mandamento era a condição para que Seus filhos herdassem d'Ele o valor mais precioso, o Amor Verdadeiro.

Originalmente, o amor verdadeiro é adquirido através da experiência e é reconhecido por meio da própria vivência. O amor verdadeiro não é algo que se possa aprender através de meras palavras, da simples escrita ou de uma educação formal, mas experimenta-se totalmente durante a vida diária. Adão e Eva foram criados para aperfeiçoarem-se, gradualmente, enquanto cresciam, experimentando sucessivamente, com a própria vivência, o coração de filhos verdadeiros, o coração de cônjuges verdadeiros e o coração de verdadeiros pais. Somente quando sentissem plenamente o amor verdadeiro de Deus é que eles se converteriam em seres humanos ideais, os quais aperfeiçoariam o propósito da criação.

Toda pessoa deseja que seu objeto de amor se manifeste como um ser de valor infinitamente superior a ele mesmo. Do mesmo modo, Deus também deseja que o ser humano, Seu objeto de amor, possua um valor infinito. Quando o homem se aperfeiçoa, alcança o estado de divindade e atinge o valor de um ser perfeito, "como perfeito é o Pai que está no Céu."

Deus é absoluto. Porém, por Si mesmo Ele não pode realizar Seu ideal de amor verdadeiro, pois o ideal de amor exige, invariavelmente, a presença de um ser correspondente. A esta altura devemos entender qual foi a relação existente, desde o início, entre a perfeição do Amor de Deus e o amor verdadeiro do homem.

O que aconteceria se Deus não tivesse estabelecido o homem como Seu objeto absoluto de amor verdadeiro e tentasse realizar, por um outro método, a perfeição do Seu amor verdadeiro? O ideal do Amor Verdadeiro de Deus e do homem teriam motivações diferentes e seguiriam, irremediavelmente, direções e finalidades opostas. Sendo assim, Deus teria que colocar um outro objeto acima do homem para executar Seu ideal de amor. Por outro lado, o ideal de amor do homem não teria nenhuma relação direta com Deus.

O Corpo de Deus

Deus, o Sujeito do amor verdadeiro, estabeleceu o ser humano como Seu objeto de amor verdadeiro. O ideal de amor de Deus somente pode ser aperfeiçoado através do homem. O propósito da criação de Deus é o estabelecimento de um mundo ideal de amor absoluto onde haja união de amor entre Deus e o homem.

O ser humano foi criado como objeto de Deus dotado de máxima bondade e amor. Por isso ele é o único ser da criação que é a imagem e a substância de Deus. O homem é o corpo visível do Deus invisível. Quando o homem se aperfeiçoa, torna-se o templo de Deus um corpo visível no qual Deus pode estar livre e tranqüilamente, de acordo com Seu desejo. A realização plena do ideal do amor absoluto de Deus materializa-se e aperfeiçoa-se por meio do homem numa relação vertical de pai e filho. Primeiramente Deus havia criado Adão como Seu corpo. Adão é, ao mesmo tempo, filho de Deus e corpo de Deus. Em seguida Deus criou Eva como correspondente de Adão (seu objeto), a fim de aperfeiçoar o amor horizontal, ou seja, o ideal do amor conjugal. Eva é, portanto, a filha de Deus e ao mesmo tempo a noiva que aperfeiçoa substancialmente o ideal do amor horizontal de Deus.

O lugar onde Deus Se encontra com Sua noiva substancial é exatamente o mesmo no qual Adão e Eva se aperfeiçoam e realizam o primeiro amor, ao casar-se sob a bênção de Deus. É neste lugar onde se frutifica o ideal do amor conjugal de Adão e Eva e onde verticalmente co-participam do ideal de amor absoluto de Deus. Começando em um mesmo ponto, o amor verdadeiro de Deus e o amor verdadeiro do homem frutificam-se e se aperfeiçoam neste mesmo ponto.

Criar foi inevitável. No entanto, não podemos imaginar o processo de criação destituído de um propósito. Para Deus, a razão pela qual foi necessário criar era somente uma: a realização do ideal do amor verdadeiro. Todos os seres da natureza se desenvolveram em pares, a partir dos níveis mais simples e inferiores até a complexidade encontrada no ser humano, mantendo entre si relacionamento de sujeito e objeto e positivo e negativo. Este método tinha a finalidade de estimular relações recíprocas sobre o ideal do amor. O ideal de amor dos seres criados e o ideal último de amor de Deus não são partes separadas nem elementos distintos.

Nos Princípios da Criação, por meio do aperfeiçoamento do amor entre o homem e a mulher, Deus desejava que o gênero humano aperfeiçoasse Seu amor absoluto. Esta é a razão pela qual Deus criou Adão e Eva no início - um homem e uma mulher. O propósito da criação consistia no zelo de Adão e Eva ao mandamento dado por Deus, o Sujeito do Amor Verdadeiro. Aperfeiçoando-se neste amor, este casal realizaria um matrimônio unindo-se no amor verdadeiro de Deus e gerando filhos deste amor. Tornar-se-iam, então, pais verdadeiros, que viveriam segundo o padrão do Bem e em estado de completa felicidade. O cumprimento do desejo de Deus em possuir um corpo substancial é exatamente o aperfeiçoamento do amor verdadeiro que une Adão e Eva. O fato deles se aperfeiçoarem em matrimônio verdadeiro significa o aperfeiçoamento do ideal do amor perfeito de Deus. Dentro deste esquema, Adão e Eva gerariam filhos de bondade e tornar-se-iam Pais Verdadeiros. Para Deus, este consistia o preciso tempo de se firmar, substancialmente, na posição de Pai Eterno e prosperar por todas as próximas gerações através da descendência humana, alcançando assim Seu ideal de estar infinitamente com os cidadãos do Reino dos Céus. Contudo, Adão e Eva - o primeiro casal de antepassados humanos - por fim vieram a cair. Ainda não haviam gerado filhos quando foram expulsos do Jardim do Éden. Uma vez expulsos, era impossível para Deus buscá-los de volta e abençoá-los em matrimônio. Em conseqüência disso toda a humanidade passou a ser descendente dos antepassados que haviam sido expulsos, gerada e multiplicada sem nenhuma relação de amor com Deus.

A Queda

A queda pode ter sido o resultado do fato de alguém ter comido o fruto de uma árvore? A queda que aconteceu com Adão e Eva consistiu no pecado imoral contra o ideal do amor verdadeiro de Deus. Adão e Eva, que deveriam guardar o mandamento dado por Deus, caíram quando ainda estavam em processo de aperfeiçoamento, ou seja, durante seu período de crescimento. Eva foi tentada pelo arcanjo, simbolizado por uma serpente bíblica, caindo espiritualmente. Em seguida, ela tentou Adão, num momento prematuro e inadequado, terminando também por cair fisicamente.

Já que Adão e Eva viviam felizes e em comunicação com Deus, o único provável pecado cometido por Adão e Eva sob o risco de perderem suas vidas não é outro senão o pecado do amor indevido. A união estimulada pelo primeiro amor dos primeiros antepassados humanos deveria ser uma festiva extensão da felicidade de Deus, de Adão e Eva e de toda a criação em meio a júbilos de bênçãos, por ser a perfeição do amor do próprio Deus. Deveria ser uma cerimônia feliz na qual o amor, a vida e a linhagem de Deus teriam se iniciado e se firmariam dentro do homem. Contudo, eles cobriram suas partes sexuais e se esconderam entre as árvores tremendo de medo, porque estabeleceram a base de um amor falso, uma vida falsa e uma linhagem falsa através de uma relação imoral e da desobediência a uma lei celestial.

Descendentes de Adão e Eva decaídos, a humanidade nasce com pecado original. A queda é a origem da contradição que cada indivíduo experimenta entre sua mente e seu corpo. A queda é, por extensão, a origem da vida contraditória dentro de uma sociedade cuja ordem foi destruída. Assim, os homens vivem fazendo o que suas mentes originais não desejariam fazer.

Observadas do ponto de vista do ideal do amor, todas as relações de amor do mundo vegetal e do mundo animal realizam-se sob a premissa da necessidade de reprodução. Porém, o ser humano é a única exceção. O homem goza de liberdade em sua relação conjugal. Ser o senhor da criação é um privilégio que somente o ser humano pode usufruir. Contudo, devemos considerar que a verdadeira liberdade permitida por Deus tem como premissa básica o senso de responsabilidade. Quanta destruição, confusão e miséria advêm quando o homem advoga e pratica uma liberdade de amor individual destituída do senso de responsabilidade? A perfeição do homem que realiza o ideal máximo de amor somente é possível quando ele é responsável no amor.

Os Três Aspectos da Responsabilidade

Podemos pensar nesta responsabilidade focalizando três aspectos.

Primeiro: a responsabilidade de ser sujeito da liberdade, sabendo se comportar e se auto-educar e sendo gratos a Deus pela liberdade para amar que nos foi dada. O homem não deveria ser responsável por um amor imposto pela lei, nem por temer a opinião pública, mas por uma decisão própria e pelo domínio de si mesmo, estabelecido dentro de uma vital relação vertical com Deus.

Segundo: a responsabilidade com respeito ao nosso ser correspondente. Por natureza, o ser humano não deseja compartilhar com outras pessoas o amor da (o) sua (seu) amada (o). A relação do amor conjugal horizontal, ao contrário do que ocorre na relação de amor vertical entre pais e filhos, destrói seu caráter perfeito no momento em que é compartilhado com uma outra pessoa. Isto se deve ao princípio da criação segundo o qual o esposo e a esposa formam uma só carne em amor absoluto. Toda pessoa tem uma responsabilidade absoluta de amor para com sua (seu) amada (o) correspondente.

Terceiro: a responsabilidade de amor com os filhos. O amor dos pais é a base para o orgulho e a felicidade dos filhos, que nascem através da total união e harmonia dos pais em amor verdadeiro e que desejam ser criados neste tipo de amor. A responsabilidade mais nobre dos pais com seus filhos não é a de apenas criá-los externamente, mas de oferecer-lhes elementos vitais de amor verdadeiro que aperfeiçoem sua espiritualidade. Por isso a família é um elemento tão valioso na vida de cada pessoa. O coração de filhos, de irmãos, de cônjuges e de pais verdadeiros que se experimenta na vivência diária não pode ser adquirido em nenhum lugar que não seja a família.

Se Adão e Eva formam um casal de amor verdadeiro centralizado em Deus, então Deus pode amar Eva ao habitar em Adão - seu corpo substancial. Mais que isso, Adão e Eva assumem a posição de verdadeiros pais, a fonte de um amor de bondade, de uma vida de bondade e de uma linhagem de bondade, encarnando Deus substancialmente.

A Inesperada Quebra de um Plano

Contudo, devido à queda, Adão e Eva tornaram-se o corpo substancial de Satanás e passaram a ser um casal mau, pais maus e, finalmente, maus antepassados. A união deles acabou se tornando a raiz de um amor mau, de uma vida má e de uma má linhagem de sangue. A humanidade, cuja origem encontra-se nesta raiz, ocupa a posição de inimiga de Deus desde o momento em que se tornou descendente do adúltero Satanás. Por isso a humanidade herdou a linhagem de maus pais. A dor de Deus foi imensamente grande com a queda dos nossos antepassados humanos, que destruiu Seu ideal de amor. O ser humano, que deveria ser um filho de Deus, não conhece seu pai original. Apesar disso, mesmo que o homem sirva e atenda a Satanás, Deus tem operado incansável e continuamente Sua providência de salvação. Por ser absoluto, Seu ideal dotado nos princípios originais da criação também é absoluto, e Sua obra de salvação tem sido muito triste e sofrida ao longo da história humana.

A Providência de Salvação conduzida por Deus é a providência da restauração para recuperar o propósito da criação do amor verdadeiro que foi perdido desde o início da história humana. Portanto, a providência da salvação é também a providência da recriação. O ponto central da providência da restauração é como encontrar a semente dos filhos originais - a semente de um verdadeiro ser humano, dotado de amor verdadeiro que aperfeiçoe o ideal da criação. Deus deseja limpar a vida e a linhagem que começaram com o amor falso do adúltero Satanás, que é o que mais desagrada a Ele. A essência da providência é como fazer com que nasça um pai verdadeiro e um salvador que possua o amor, a vida e a linhagem verdadeira de Deus. Os antepassados humanos não cumpriram sua responsabilidade. Estabeleceram uma relação imoral e nesta base foram dominados por Satanás. Deus não pode, diretamente, fazê-los retornar a sua posição original, tampouco pode se colocar numa posição de bondade a mesma humanidade que seguiu para o lado de Satanás, sem que alguma condição seja estabelecida.

Deus utiliza a estratégia de colocar uma figura central do lado do Bem a fim de que, sendo atacada, estabeleça as necessárias condições de indenização com o objetivo de recuperar o que foi perdido com a queda. Quando Satanás ataca primeiro, ele perde tudo. A Primeira, Segunda e Terceira Guerras Mundiais são exemplos de que o lado agressor é, invariavelmente, derrotado.

Antigas Lições para os Dias Modernos

Observando os avanços da Providência da Restauração do ponto de vista genérico, descobrimos que a cooperação entre uma mãe e seu filho foi um ponto de extra e vital importância. Foi assim nos tempos de Jacó, de Moisés e de Jesus, porque havia uma providência para separar a linhagem e a vida satânicas a partir do estabelecimento de uma mãe que cumprisse sua responsabilidade como Eva, a causadora da queda, fazendo com que esta mãe colaborasse com seu segundo filho.

Deus não pode relacionar-se diretamente com o primogênito, porque ele tem uma relação de sangue direta com Satanás, que dominou a humanidade através da queda. Através da subjugação do primogênito, que representa o lado do mal, Deus vem restaurando a linhagem de sangue de bondade ao longo de toda a história humana. Por isso, Deus Se relaciona com o segundo filho e o faz estabelecer as devidas e necessárias condições.

Na família de Adão, Deus operou a providência para subjugar o filho primogênito Caim através do segundo filho Abel. Eva, apesar de ser uma mãe decaída, esforçou-se para que houvesse unidade entre os dois irmãos. Porém, lamentavelmente, Caim matou Abel e a providência de salvação não pôde ser concluída; teve então que ser prorrogada. No tempo de Noé, houve também uma curiosa cooperação entre mãe e filho, porém o padrão de cooperação efetivo começou de fato no tempo de Jacó e Rebeca, sua mãe. Consideremos que a queda humana envolveu três seres: Adão, Eva e o arcanjo. O arcanjo seduziu Eva causando a queda espiritual. Logo em seguida Eva seduziu Adão, causando a queda física. O resultado disso foi que os três viraram as costas para Deus. O arcanjo decaído tornou-se Satanás. Por tudo isso concluímos que a providência da salvação é a providência da restauração, e o princípio da restauração se cumpre através de um curso totalmente inverso.

O Princípio da Ideologia Messiânica

Perdendo Adão, Deus perdeu a semente do amor e da vida verdadeiros. Deus, então deve encontrar um filho que possa ter a semente da nova vida que seja livre da acusação de Satanás. Como nos tempos da criação Deus criou Adão por primeiro, assim também no processo que envolve a providência da restauração - que é o mesmo que providência de salvação - Ele deve estabelecer primeiro um filho sem nenhuma relação com a queda. Este é o princípio da ideologia messiânica.

O Messias nega a vida das pessoas em cujo sangue circula uma linhagem decaída e que estão, portanto, sob o domínio de Satanás. O Messias se apresenta como uma pessoa verdadeira a fim de enxertar as demais com a semente de uma nova vida. O Messias tem suas raízes em Deus e vem como o último Adão com a finalidade de limpar os resquícios deixados pelo ato cometido pelo primeiro Adão. Esta é a razão pela qual Deus não pode enviar um Messias semelhante a um "super-homem" capaz de operar somente através de fantásticos milagres. Para que um filho possa nascer de acordo com as exigências de condições providenciais tão especiais - com a semente do amor e da vida de Deus - sua mãe não pode gerá-lo em condições comuns. Invariavelmente, esta criança deve nascer de acordo com a fórmula específica, conforme o processo de restauração.

Dentro do processo da providência da restauração, a cooperação entre mãe e filho tem sido uma adequada preparação e uma condição pelas quais pudesse nascer um filho celestial, possuidor da semente de uma vida nova e livre da invasão satânica. Firmados nas condições necessárias para a separação de Satanás, mãe e filho, finalmente, recuperam o amor, a vida e a linhagem sob o domínio de Satanás quando subjugam a posição do primogênito, que representa o Mal.

Curiosos Relatos que Facilitam nossa Compreensão

Na bíblia há muitos relatos que dificultam nosso entendimento. Rebeca enganou seu esposo Isaque e seu filho primogênito Esaú quando decidiu ajudar seu segundo filho Jacó a herdar a bênção do pai. Deus estava do lado da mãe e do filho que aparentemente utilizaram um método injusto; mesmo assim Deus continuou abençoando mãe e filho. Na família de Adão os irmãos Caim e Abel lutaram fora do ventre, resultando na morte de Abel, o segundo filho. Sob a condição de indenização e de sacrifício de muitas pessoas do lado do Bem desde Abel, Jacó lutou com seu irmão gêmeo Esaú a fim de conseguir um fundamento de vitória sobre Satanás ainda maior. No vau do Jaboc, ele estabeleceu a devida condição de vitória espiritual sobre o anjo. Subjugando Esaú, representante substancial do arcanjo, pela primeira vez em toda a história humana uma pessoa foi abençoada por Deus com o nome de Israel, "aquele que prevaleceu".

Contudo, naquela época Jacó já havia completado 40 anos de idade. A semente do falso amor de Satanás foi semeada dentro do ventre de Eva, dando nascimento a uma vida má. De acordo com os princípios da restauração, para que um filho divino pudesse nascer, Deus teria que purificar o ventre de uma mãe. Portanto, Deus deveria realizar a separação de Satanás logo no período da concepção no ventre até que finalmente Jacó conseguisse a vitória, 40 anos depois.

Tamar foi uma mãe extraordinária, que se encarregou desta responsabilidade específica. Tamar se casou com Er, o primogênito de Judá. Porém Er fez o que era mau diante de Deus e morreu. Segundo os costumes locais daquele tempo, Judá deu a Tamar seu segundo filho Onã. Sabendo que um filho gerado deste relacionamento não seria seu, Onã derramou seu sêmen na terra. Aos olhos de Deus este ato foi um pecado, pelo qual Onã também veio a morrer. Tamar quis então Selá, o terceiro filho de Judá, mas este não concordou. Pensando que dois filhos haviam morrido por culpa de Tamar, Judá temeu que Selá também viesse a morrer, cortando, então, qualquer possibilidade de deixar uma descendência. Em sua convicção de continuar a linhagem do povo eleito, Tamar se disfarçou de prostituta, dormiu com seu sogro Judá e concebeu gêmeos. No tempo do nascimento das crianças, o primogênito, que mostrou a mão por primeiro, voltou para dentro do ventre, enquanto o segundo filho nasceu primeiro, assumindo a posição de primogênito. Era Perez. Nestas condições, dentro do ventre de Tamar lutaram o primeiro e o segundo filho, efetivando a restauração e a purificação do ventre. A linhagem do povo teve sua origem nestas circunstâncias. Neste fundamento, o Messias pôde nascer em Israel, então como uma nação que poderia fazer um confronto com o Império Romano. Isto aconteceria 2.000 anos depois.

Um Fundamento de Vitória

O vitorioso fundamento em nível nacional estava garantido a fim de que a providência pudesse ser encaminhada livre da invasão satânica, a partir de uma semente do filho de Deus no ventre preparado de uma mãe. Maria apareceu na corrente principal da providência a partir deste vitorioso fundamento histórico. Comprometida com José, a jovem Maria recebeu do arcanjo Gabriel a surpreendente mensagem segundo a qual o Messias nasceria através dela (Lc 1.31). Segundo os costumes da época e do local, se uma jovem solteira engravidasse, seria morta invariavelmente. Mesmo sabendo disso, Maria aceitou a vontade de Deus com fé absoluta dizendo: "Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim a Sua Palavra".

Maria consultou o sacerdote Zacarias, seu parente, respeitado e admirado por todos. Sua esposa Isabel, grávida de João Batista, com a ajuda de Deus, reconheceu Maria dizendo: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Por que sou tão favorecida que a mãe do Senhor vem até mim?" (Lc 1.42).Com estas palavras Isabel estava dando testemunho de Jesus. Deste modo, Deus estava facilitando as circunstâncias para que Maria, Zacarias e Isabel pudessem reconhecer, em primeira mão, o nascimento do Messias. Estas pessoas tinham a importantíssima missão de servir Jesus muito bem, assim como exaltar a vontade de Deus. Zacarias fez com que Maria permanecesse em sua casa. Jesus foi concebido nesta casa e em circunstâncias muito especiais. Isabel e Maria eram primas por parte de mãe. Porém, dentro dos critérios da providência da restauração, a relação entre ambas era de irmã mais velha (Caim - Isabel) e irmã mais nova (Abel - Maria).

Diante de Zacarias, Maria recebeu ajuda de Isabel, estabelecendo assim a condição de indenização necessária para restaurar, em nível nacional, o antigo fracasso cometido por Lia e Raquel, que não se uniram e não cooperaram como mães com seus respectivos filhos, na família de Jacó. Agora, porém, na família de Zacarias, o sucesso da união entre Isabel e Maria permitiria a concepção de Jesus. Nesta ótica, pela primeira vez em toda a História humana, a semente do filho de Deus, o Pai Verdadeiro, pôde nascer na Terra. Esta semente estava livre de qualquer invasão satânica a partir de um ventre adequadamente preparado. Nestas circunstâncias, nasceu o Filho Unigênito de Deus na Terra, que poderia então direcionar o amor verdadeiro de Deus.

Maria deveria realizar um plano dificílimo de ser entendido, de acordo com o padrão comum dos costumes da época. Este complicado plano era intolerável de acordo com as leis locais. Contudo, as três pessoas envolvidas neste plano estavam espiritualmente sensibilizadas, segundo a revelação dada diretamente pelo próprio Deus. Estas pessoas creram, incondicionalmente, que estavam sendo guiadas de acordo com a vontade e o desejo de Deus.

O Fundamento para Jesus

Nascendo na Terra, o filho de Deus necessitaria de uma proteção especial para crescer resguardado do mundo de Satanás a fim de efetivar a vontade de Deus. Portanto, Deus esperava que a família de Zacarias cumprisse este fundamento. Os três deveriam ter se preocupado especialmente sobre como proteger o precioso filho de Deus, servi-lo e manterem-se unidos a ele com toda devoção e zelo.

Na Bíblia há o registro de que Maria esteve com Isabel pelo período de três meses e que depois retornou para sua casa (Lc 1.56). Depois disso, não há mais nenhum registro de qualquer comunicação entre Maria, Zacarias e Isabel. A partir deste momento, Maria e Jesus passaram a enfrentar muitas dificuldades. A família de Zacarias deveria ter sido o cerco de proteção para Jesus até o fim da concretização do plano de Deus. Pouco depois José tomou conhecimento da gravidez de Maria. Naquele momento esta notícia provocou um estrondoso impacto. Maria, sua amada prometida, permanece num determinado lugar por três meses, sem manter nenhum relacionamento sexual com ele e, inexplicavelmente, aparece grávida. Com muita insistência, José quis saber de quem era o bebê que estava no ventre de Maria. O que aconteceria se Maria contasse a verdade com honestidade? Seria o fim do seu clã se isto fosse devidamente esclarecido. Para evitar isso, Maria disse simplesmente que estava grávida pelo poder do Espírito Santo.

No entanto, o ventre de Maria crescera e as pessoas tomaram conhecimento do seu estado de gravidez. O que aconteceria se José ficasse alheio à situação? José acreditou na revelação de Deus e foi correto ao perceber que sua responsabilidade era defender e proteger a gravidez de Maria. Deste modo, evitou-se o apedrejamento de Maria, criticada e ridicularizada pela concepção durante seu período de compromisso com José.

José, que amava Maria, zelava por ela no início desses acontecimentos. Porém, havia muita angústia em seu coração, especialmente após o nascimento de Jesus. Quem seria o pai daquela criança? Com muita freqüência o coração de José experimentava grande dor. À medida que Jesus crescia, aumentava a distância em seu relacionamento de coração com José. Sem dúvida, esta era a causa de freqüentes problemas nesta família.

A Família de Zacarias

Jesus, como bastardo, não recebeu nenhuma proteção da família de Zacarias. Além do mais, devido a seu difícil relacionamento com José, Jesus cresceu envolvido numa indescritível solidão em seu coração. Consciente do seu caminho como Messias, Jesus lamentou, em estado de profunda solidão, as circunstâncias que significavam um sério obstáculo à realização da vontade de Deus.

O Messias é um Verdadeiro Pai mas, para efetivar esta missão, deveria ter recebido uma noiva. Jesus deveria restaurar o fato do arcanjo cair através do ato de falso amor que manteve com Eva que, no jardim do Éden, crescia como irmã de Adão. Agora, porém, como filho de Deus e um homem que ocupava a posição de Adão, Jesus deveria receber como sua esposa, a irmã mais nova de uma figura tipo angélica. Esta jovem seria, exatamente, a filha de Zacarias, irmã mais nova de João Batista. Para cumprir este plano num mundo cujo dono é Satanás, Jesus necessitava de uma proteção muito particular fundamentada em fé absoluta. Infelizmente, todo este fundamento desmoronou diante de Jesus. A situação teria sido muito diferente se Zacarias e Isabel tivessem mantido a mesma fé absoluta que tinham no início, quando receberam a revelação e muita graça espiritual de Deus. Se eles tivessem cumprido sua responsabilidade, teriam continuado em contato com Maria, mesmo depois que ela tivesse deixado a casa após os três meses de permanência lá.

A família de Zacarias havia sido escolhida por Deus para que, após o nascimento de Jesus, como representante da humanidade, protegessem, servissem, seguissem e dessem testemunho do Messias. Esta família não somente deveria ter servido Jesus como filho de Deus, com extrema devoção e zelo, como também tê-lo seguido em sua missão salvadora. Através de Jesus, esta família teria recebido e acolhido a vontade de Deus. João Batista, que nasceu com a finalidade de servir Jesus e fazer o povo se arrepender, deveria ter cumprido sua responsabilidade guiando as pessoas e incentivando-as a crerem em Jesus. Desta forma as pessoas receberiam a salvação prometida por Deus. Embora Zacarias, Isabel e João tivessem testemunhado Jesus como filho de Deus, lamentavelmente não há provas concretas de que o serviram como tal. Zacarias se posicionou como um espectador. João Batista se desligou de Jesus. Ao contrário, eles tornaram o caminho de Jesus mais difícil, impedindo que o povo o seguisse. Mais que isso, como poderiam ajudar Jesus a receber a noiva que ele esperava, uma vez que perderam a fé nele tão logo o viram com olhos e padrões humanos?

Agora podemos pensar a respeito da influência da relação entre Maria e José sobre Jesus. Na posição para restaurar, por indenização, a mesma antiga posição de Eva e Tamar, Maria deveria ter permanecido na posição de prometida (noiva) de José. Do ponto de vista providencial, eles não poderiam conviver como marido e mulher, porque o desejo de Deus era que eles não mantivessem relacionamento sexual entre si. José amava Maria mesmo depois do nascimento de Jesus. Maria deve ter desejado separar-se de José a fim de poder criar Jesus como filho de Deus.

Porém, a realidade dificultou muito a consumação deste plano. Embora a mente original de Maria lhe dissesse que ela não deveria ter relações sexuais com José, mesmo assim eles tiveram outros filhos. Este fato repetiu o mesmo erro cometido por Eva no passado. Com esta condição, Satanás invadiu a família de Jesus. Com exceção de Jesus, toda sua família ficou sob o domínio de Satanás: seu pai, sua mãe, seus irmãos tipo Abel (João Batista e demais irmãos) e seus irmãos tipo Caim (os filhos de José).

Quando uma pessoa é invadida por Satanás, ela perde toda a graça e inspiração espiritual. Perde também a confiança de Deus, bem como a gratidão para com Ele. Todos os acontecimentos e situações passam a ser vistos sob a ótica dos homens. Deste modo, Maria não ajudou Jesus no seu casamento, que ele tanto desejava. Mais do que isso; ela fez oposição a Jesus. Esta foi a causa direta pela qual Jesus não recebeu sua noiva, não se tornou um verdadeiro pai e teve, consequentemente, que passar pelo caminho da cruz. Por que Jesus teria dito a Maria, durante a cerimônia das bodas de Canaã: "Mulher que tens a ver comigo?"(Jo2.4). Esta foi a manifestação do coração de reprovação de Jesus com relação a Maria por ajudar nas bodas alheias quando receber sua noiva era o requisito mais importante na providência da restauração conduzida por Deus. Com este mesmo critério, podemos entender o coração de Jesus em suas palavras: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?"(Mt 12.48).

Jesus enfrentou a oposição de Maria, Zacarias, Isabel e finalmente de João Batista. Teve que abandonar o desejo de cumprir sua missão apoiado por sua família física. Jesus deixou sua casa com a intenção de estabelecer um novo fundamento espiritual a fim de realizar a providência de salvação. Deixando sua casa, Jesus não tinha para onde ir. Sobre isso, lamentou dizendo: "As raposas têm covis e as aves do céu têm ninhos, mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça"(Mt 8.20). Perdido seu fundamento familiar, ele saiu procurando um fundamento que substituísse esta falha. Este foi o curso de Jesus em três anos de vida pública. A incredulidade do povo e a fraca fé de seus discípulos provocaram a invasão de Satanás. Esta invasão derrubou o fundamento de Jesus, que se viu obrigado a ir pelo caminho da cruz.

De acordo com o plano original de Deus, Jesus veio à Terra como Messias a fim de abençoar seus discípulos e todos os povos. Deveria ter construído o Reino do Céu sem a manifestação do pecado no coração dos homens. Mas, devido à incredulidade reinante na época, ele não pôde receber sua noiva, não pôde se tornar Verdadeiro Pai e, portanto, não pôde concluir sua missão salvadora. Somente por isso ele prometeu que voltaria.

A Finalidade da Segunda Vinda

O Senhor do Segundo Advento vem com o propósito de completar as bases da providência divina da restauração deixada incompleta por Jesus. Explicando melhor, o Senhor do Segundo Advento vem para aperfeiçoar o ideal de Verdadeiros Pais, a origem do amor verdadeiro, da vida verdadeira e da linhagem verdadeira de Deus, já que vem com a semente de verdadeiros filhos originais que aperfeiçoaram o ideal da criação. Ele volta sobre o fundamento providencial vitorioso do crescimento de Jesus, encontrando a noiva que Jesus não teve, assumindo finalmente a posição de Verdadeiro Pai e salvando todos os povos.

Por conseguinte, os Verdadeiros Pais permitirão que toda a humanidade se torne pessoas verdadeiras através da Bênção de novos matrimônios, cuja finalidade é mudar a linhagem. Desta forma as pessoas serão enxertadas no amor, na vida e na linhagem verdadeiras de Deus. Além disso, estabelecerão uma família verdadeira, construindo o Reino dos Céus na Terra. Assim, o Senhor volta em carne. A Cerimônia de Casamentos Nacionais e Internacionais permite a formação e o estabelecimento de novas relações de sangue.

O Senhor do Segundo Advento restaura, em nível de uma grande família mundial, o que se havia perdido na família de Adão. Restaura também o direito da Verdadeira Primogenitura, o direito de Pais Verdadeiros e o direito do Verdadeiro Reino (que deveriam ter sido aperfeiçoados na família de Adão), transformando, consequentemente a Terra no Reino sob domínio de Deus. Neste contexto será feito o registro na Terra, de cidadãos do Reino dos Céus no mundo espiritual. A humanidade, finalmente, entrará na era do Reino Terrestre e Celestial centralizado em Deus, restaurando um mundo de vitória, liberdade, felicidade, paz e unidade.

O homem finalmente criará o Reino dos Céus na Terra e no Céu, que é o ideal da criação de Deus. Este é o resumo da visão dos princípios da História da Providência de Salvação(restauração). Desejo que todos vocês possam também receber a feliz Bênção de um novo matrimônio.

Muito Obrigado!